poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.

quinta-feira, novembro 03, 2005

postada, ao som de october, com u2.
_finados, mas vivos em mim!_
(quarta feira, 02 de novembro 2005)

é certo, que todo ser vivo, um dia...
[desaparece];
parte em viagem, rumo à paisagens que ignoramos.
certeza se reaparece n´outro canto,
é [sagrado mistério], que deus, até esse instante,
não revelou a nós: "podres" mortais.
simplesmente nossos olhos, não alcançam mais:
amigos, parentes e outros,
com os quais não convivemos, mas que admiramos e gostaríamos de ter trocado idéias,
compartilhado ideais e sonhos.
eles somem, do alcance dos nossos sentidos.
deixam marcas na lembrança:
poesias, músicas, textos, palavras,
gestos e pensamentos enfim.
talvez esse seja o jeito, que encontramos para deixar
fragmentos e pegadas, nos caminhos pelos quais passamos.
todos vamos embora e deixaremos sempre,
nos que ficam, a mesma dúvida sem tamanho:
será que vamos nos encontrar outra vez?

no corre-corre do dia-a-dia, não temos tempo,
para pensar em nossa única certeza.
que mais cedo ou mais tarde,
irá também nos abraçar.
e é bom que seja assim,
cada um ocupado em viver plenamente a vida,
em todos os seus matizes.
mas bom mesmo seria, em todo tempo, que nos sobra,
se não nos entregássemos preguiçosos,
às bobagens e inutilidades televisivas,
principalmente as dominicais.
melhor ainda seria, aproveitar integralmente esse tempo,
para conviver com pessoas,
que podem nos melhorar como seres humanos.

apesar de hoje, ser dia de finados, estou feliz!
como a égua pangaré "pretinha". que pasta lá embaixo contente.
de vez em quando grito daqui de cima: "pritiiiiiha"!!!
me olha e relincha. esperando que eu leve a sua boca, folhas de cana.
ela parece não ter, nenhuma consciência,
do que seja morte. apenas se preocupa, em se alimentar com seu capim.
tenho a consciência, que ela não tem e tenho tentado cada vez mais
uma capacidade bacana dela, que é a de:
"não me preocupar demasiadamente com o amanha".
ela sabe que alimento, o capim dela virão
e eu, por minha vez sei, que o meu alimento,
feito a poesia, também virão a cada dia.
viver o presente, sem anciar o futuro,
parece ser o segredo dos loucos, dos felizes, dos bichos.

ando pensando muito sobre o seguinte:
se tenho que viver, vou viver é feliz mesmo!
porque parece que cheguei num momento
"magi-click" da minha vida.
pois ignoro a tudo e a todos, que não se harmonizem
com está minha felizIdade.
estou num moto-perpétuo de acontecimentos bons e inusitados.
se a morte vem de qualquer jeito,
eu prefiro aguarda-la sereno e tranqüilo.
a coisa é lógica: já que todo ser vivente, que caminha sobre a terra,
passará por ela, porque vou sofrer e me desesperar?
quando ela chegar, com sua foice,
acho que vai deixa-la cair, porque estarei feliz e sorrindo.
meio curioso claro, com o que vai acontecer,
mas alegre, com a vida que levei.
melhor assim, já que o contrário pode ser loucura,
camisa de força, no hospício mais próximo.

não era para ter escrito toda essa lenga-lenga,
mas já que cheguei até aqui e você também,
quero lembrar algumas pessoas,
que passaram por minha vida e que deixaram suas marcas.
de certa forma para mim, permanecem vivas,
pois sempre me lembro delas. é como disse guimarães rosa:
"há pessoas que não morrem, ficam encantadas"

feito [vera maria rezende],
com sua educação e seu vestido azul.
a "namorada", que nunca beijei, mas que considero minha primeira.
[tio antônio], seu táxi e seu cavalo "castaninho".
[meu primo cássio], companheiro de bricadeiras
na fazenda do tio joaquim (filho do "padrin" marco).
[meu primo marco antônio] (irmão do cássio),
com sua oficina e seus carros.
[dindinha libánia], com seus tapetes de retalhos coloridos.
[dindinha joaninha] que com os trocados que ganhava
fazendo crochês, sempre me dava, uma moedinha de cr$ 0,20,
para comprar bala delícia, na fábrica que havia na esquina
da rua euclides andrade com rua capitólio-bairro santo andre.
[tia nadir] e suas cortinas, madrinha de meu irmão deovane
que na infância, tinha apelido de "topo-gigio" por causa das orelhas grandes.
[marcinha] e sua coleção de bonecas, filha do tio euclides e tia tereza.
[tio dante] com seu silêncio, inteligência, seus rádios e aparelhos eletrônicos.
[vovó mariquita], super comunicativa e de memória infalível.
[vovô jonas], a quem eu disse, quando criança,
ao passar uma boiada com as mãos sobre os olhos:
"vovô, meu olho tá com medo do boi".
[vovó alacóque], com sua religiosidade e seu coque.
[vovô geraldo monteiro], com sua carroça, seu cavalo branco e suas latas de leite.
eu e ele, levantávamos +- às 4:30 da manha, com sol ou chuva,
para buscar na fazenda dos camargos, o leite que vendíamos,
pelas ruas dos bairros eldorado e jk.
[tio flávio], com seu caminhar característico
e seu inseparável balaio de bolinhos de feijão. bolinhos deliciosos,
que fazia, minha mãe neuza, num fogãozinho de lenha improvisado,
no pequeno quintal no bairro santo andré. eu à ajudava buscar,
gravetos e serragem no entulho de uma marcenaria próxima.
[tia genoveva], que carinhosamente me pegou pelas mãos
e me levou a escola pela primeira vez.
onde conheci minha primeira professora:
dona catarina e seu vestido verde. isso mesmo! "dona",
não tinha esse negócio, essa intimidade gratuita, de chamar professora de tia.
acho que foi depois, que começaram a chamar professora de tia,
é que as "crianças" perderam por elas o respeito.
["padrin" marco], que antes de morrer
deu uma fazenda a cada filho.
[evaristo] meu bisavó, por parte de pai e suas verduras.
[tio francisco] e sua fazenda em itaúna de quem só ouvi histórias. filho do "padrin" marco.
[tia lilia] e suas carnes no fogão de lenha.
[vicente de paula mendonça], meu pai, que gostava de fumar,
as seguintes marcas de cigarro: arizona, continental e holliwood
(infelizmente comprei muitos, no boteco da esquina para ele).
parou de fumar uns três anos antes de partir em viagem,
mas a nicotina e não sei mais o que
do cigarro, já tinham feito o estrago,
que o levou antes do combinado.

- saudade pai, saudade de todo mundo,
saudade, como dizia o sr.: "saudade d´cês tudo".
lembra que um dia, brinquei
quando o sr.estava tossindo muito e me disse que não queria morrer?
eu sem saída disse: "pai, quem não morre não vê deus!"
o sr. emendou no ato: "eu não tô cassando, ver deus não meu filho,
não tô não! eu quero é ficar aqui com cês".

para: marco antônio araújo, augusto dos anjos, nietzsche
darci ribeiro, glauber rocha, sérgio sampáio, guimaraes rosa,
manuelzão e wally salomão.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Olá Diovvani!
Achei maravilhosa e verdadeira essa msg. Nota 10.
Acho que devemos viver como "Pritiinha" sem preocupar demais com o dia de amanhã.
Afinal ele é incerto demais para tanto.
Bjs.

segunda-feira, novembro 07, 2005 6:53:00 AM  

Postar um comentário

<< Home