postagem ao som da música: "arrumação" com elomar.
_no sinal fechado_
vi um mendigo sentado
catando bagos de arroz no chão
sua mão direita colocava devagar
os grãos na esquerda em concha
_no sinal fechado_
vi um mendigo sentado
catando bagos de arroz no chão
sua mão direita colocava devagar
os grãos na esquerda em concha
quando juntava boa quantidade levava
o montinho à boca de uma só vez
depois espalmava sua concha-mão
para dois cachorros lamberem
a cada lambida ele abria mais
seu sorriso-duas-janelas
ria muito e alto
encarando meu rosto
não sei se ria de cócegas ou felicidade
para mim ou de mim
desliguei-me da cena quando o sinal ficou verde
e pneus rangeram pressa atrás de mim.
...
- Janaina Calaça, publicou o poeminha acima no civilizados* - cliquem aqui e conheçam.
* Os Civilizados invadiram a Selva, trazendo seus talheres, etiquetas, roda, fogo e vasilhas tipo Tupperware. Placas de sinalização, canudos, tecido sintético e frutas cristalizadas...
17 Comments:
Doeu esse poema!
Doeu esse ser humano como cachorro de rua ou vice-versa?
Tudo dói. Essa vida é assim. Dor constante.
beijos
Essa sua sensibilidade que nos leva a ver coisas que as vezes nos passam despercebidas encanta a gente, sabe? (Adorei a nova cara do blog, está tudo lindo por aqui). Bj
Diovvani, meu querido amigo de longe,
seu poema, como a Saramar disse, doeu... Doeu mesmo. Você traz estes recortes do cotidiano e nos faz olhar aquilo que muitas vezes insistimos não ver durante nossas andanças corridas pelo dia a dia. Quantas vezes desviamos nosso olhar da nudez da miséria? Talvez seja incômodo, talvez seja o medo de nos sentirmos responsáveis pelas diferenças. Enfim, doeu...
Queria pedir a tua permissão para publicar este poema no Civilizados. Vou publicá-lo hoje, caso você não queira, eu removo de lá, viu?
Beijoooooooooooooooooo
Jana
cachorro humano. arroz e pressa. concordo com o já dito: doeu.
beijos
Sensível demais.
Seu descrição-poema saiu maravilhoso. Deu vontade de ver a cena, de ser seu poema.
Sensibilidade que se joga no papel, que agarra na ponta da caneta até chegar aqui, até sair assim...
bjos meus.
sorrisos em breve.
*
*
*
obrigada pelo carinho! ;-)
o que a cena tem de triste, diovvani, ela também tem de reveladora: precisamos de pouco, meu velho, de muito pouco para sorrir ( a, da e pra) vida...
1 abraço
Tão forte teu poema, Dio!
Fiquei muda.
, poema crônica das mazelas e cotidiano...
|abraços meus|
do Baralho!!! Uma foto de Sebastião Salgado! Muito bom, Diovvani!! Elomar, Xangai, Vital, rogai por voz!
[]´s
dizem mesmo que a poesia se esconde nas curvas;
(quase) nunca nas linhas retas.
Lindo o poema, belo novo layout!
Beijo grande, querido!
:**********
Esqueci de dizer que a cara nova do Poeminhas está linda!
:)
Saudades de tu!
Beijos
Jana
Olá!! Vi seu comentário na Jana Calaça, e vim "espiar" seu blog, adorei as poesias, e sigo sua linha, uma música sempre completa... ou inicia a inspiração!
Dio,
meu amigo querido que faz tanta saudade.
Esse ficou ardendo como uma chicotada nos olhos de um morto. Um quase-morto. Um ser humano mais ser do que humano. Vil. Ridículo. Limitado. E lírico, louco, poeta desencarnado.
Meu amigo, a poesia acontece nas mais imundas esquinas...
**Estrelas, sempre**
Diovani, que instantâneo fiel, rapaz! Cabe tudo nele! Obrigado por comentar no Albergue e desculpe a demora! Abraços!
Dio,
Cada olhar a nossa volta, nesta vida que a loucas propostas iludimo-nos BELA, encontramos distraidos, farpas de tempos não gratos, desencantados em falsos sorrisos, ou falsos anseios de quem perdeu a eloquência da HUMANIDADE, mas não perdeu a fé.
BJS Kátia Silva
Que delícia, um sorriso de duas janelas e dividir comida com cão. Embora a dureza da vida, a beleza da cena vista pelo teu olho poeta.
Beijo na alma, Dio.
Oi Diovvani,
Poema 'incomodante', pelas mesclas de peso e leveza. Ou pela realidade em demasia.
Belo!....
Beijos....
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