postagem, ouvindo diretamente dum velho vinil, a música: "a rota do indivíduo", de orlando morais e djavan. essa música, não fez o sucesso que merece. se duvidam, cliquem no link acima e confiram: que obra prima de letra, que poesia!!!
. (infelizmente não sei o autor da foto) _homem gato_
tenho vivido com um pé
na linha de nylon
invisível do triz
o outro torto
na corda bamba nervosa
e s t i c a d a
sobre o abismo
.
caio-não-caio
.
engulo seco-vento
destravo no nó do gogó o grito
e n ã o p u l o
porque sei
no último instante
sempre darei um jeito
de sair do xeque-mate
agarrado ao pulo gato
.
carrapato
no couro do gato
serei
energia bruta à tracionar
às patas do bicho
no salto do abismo
.
o corpo encarnando a "felinalma"
no átimo exato
do ponto flutuante da fuga
do salto no salto "in" salto
das profundezas abissais
onde jogarei meus sais
do salto no salto "in" salto
das profundezas bestiais
onde deixarei meus ais
.
tenho vivido com um pé...
na linha de nylon invisível do triz...
.
para atílio buzato. camarada que conheci, há uns dois meses atrás e já o considero amigo. "assucedeu-se" o seguinte: estava eu indo para casa, com a margarida (carro / rural willis) e resolvi parar no caminho no "FAMOSO PÃO COM LINGÜIÇA", próximo a entrada da lagoa várzea das flores e ao lado do "BOI KERI". entrei e comprei o tira-gosto para saborear em casa. quando estava de saída, o atílio, puxou conversa comigo (logo, eu!? que quase não gosto duma conversa...) e foi logo dizendo, que também tem uma rural que fica numa fazenda no interior aqui das minas gerais. ficamos ali, na boa prosa e ele me deu, umas dicas legais, sobre carro velho; apreciei o papo. fui embora pensando ... sujeito gente boa... gente boa mesmo... na semana seguinte, tive que levar a margarida ao lado do lugar onde conheci o atílio, para trocar um dos eixos de molas da suspensão. encontrei-me por lá, novamente, com o atílio e estávamos tomando uma cerveja, quando o mecânico chegou e me disse que a mola estava errada. era um sábado e eu disse para ele, que teria que ser na segunda feira, pois eu só tenho a margarida para rodar. não tive tempo, nem de dizer ao mecânico, para montar o eixo velho mesmo; para eu ir embora. o atílio foi logo dizendo: "quem disse que você não tem carro para ir trocar a peça?" vou com você agora. vamos, vamos, vamos... e foi abrindo a porta de sua camionete. não teve como recusar diante de tanta boa vontade. no caminho, fomos conversando e descobrimos que temos vários amigos em comum. meu avô (geraldo monteiro), fazia carretos para ele, numa carroça puxada por um cavalo branco. eu disse a ele: "lembra do menino que vendia leite com o velho sô Geraldo?" pois é... sou eu. ai a conversa, foi ganhando outros vultos e ele foi contando um punhado de casos de sua vida. bom... resumindo... a peça estava certa... explicamos ao mecânico (que ficou de terminar o serviço na segunda feira) o que tinha que ser feito e retornamos o papo e a cerveja. (...) quando já era bem umas três ou quatro horas da tarde, disse ao atílio: "essa é a "saidera", porque vou pegar o ônibus ali, no ponto, para ir embora". outra vez o atílio, (pessoa que nem me conhecia direito) surpreende, dizendo: "você não vai de ônibus não... de jeito nenhum... não aceito isso! nós vamos lá em casa... você conhece minha esposa... minha filha... e vai embora no outro carro que tenho. não teve jeito, tive que ir... e aceitar a mais que generosa oferta. pois é... atílio buzato é assim... pessoa desprendida... dessas que parece, intuir as coisas no vento... agradeço-lhe amigo, por ter tido, tanta consideração para comigo. estou te esperando lá em casa, para terminarmos nossas conversas, que parecem não ter fim. ai está, conforme o prometido, aquele poema que você gostou e me pediu por escrito.
E.T: estou esperando o peixe de 100kg, que você disse que ia trazer da pescaria, "falô"!? ou é mentira de "pescadô"? abraço para você e sua família. conforta-me saber, que pessoas como você, ainda caminham sobre a terra.
12 Comments:
Gostei da música, gostei do poema e gostei da prosa "proseada" com o camarada Atílio, gente finíssima, pelo jeito...
Você é poeta dos bons, não? Esse "homem-gato" está na corda bamba, mas, poetizando com uma firmeza de versos!!
E não suma com meu comentário...rs
Abraço grande!
Dora
que post feliz esse, meu caro amigo diovvani. a começar pela escolha da música incidental (também a tenho em vinil, com o djavan) que é linda mesmo, passando pela genial ilustração e terminando com as suas sempre inspiradas poesia e prosa. uma delícia essa minha visita de hoje por aqui. 1 abraço
querido diovanni, fiquei logo presa pelas palavras da foto, sabe, é que ontem sofri um desgosto e todo o meu ciclo ficou dando voltas em mim, só que ainda não desceu, e foi precisamente porque tentei ser gentil, é da minha natureza isso, e não consegui, não gerou gentileza o que eu disse a uma pessoa, que acabou dizendo coisas feias, foi muito triste, e depois fui lendo seu post todo, mas essa sensação ficou em mim, sabe, nem sempre as palavras ajudam, que coisa!
beijinhos muitos,
alice
Este seu poema é mais um para juntar às suas obras primas que já li.
O poema é, todo ele, uma delícia de linguagem, de imagens e palavras felizes.
Você é um equilibrista nato da palavra, que se passeia no arame, sem rede, como qualquer um dos mortais caminha numa larga avenida. O seu caminho é difícil e agreste, mas você percorre-o com uma facilidade (aparente?) que impressiona.
A juntar a tudo isto, tenho que o repetir, você é originalíssimo na maneira de escrever. Os seus poemas possuem a sua impressão digital, única e irrepetível.
Posso estar enganado, mas não me lembro de ler nada melhor nos blogues que a sua poesia.
E a descrição do encontro e conversas com o Atílio é como que a cereja em cima do bolo. Gostei de ver a descrição de um pormenor (importante) da sua vida pessoal, envolvendo pessoas que, pela sua bondade, são cada vez mais raras nos dias que correm.
Um abraço.
mais um delicioso poema do nosso querido Diovanni. já se tornou impossível entrar na net e não vir correndo aqui ver se tem palavra-alegria-poesia-original nova. eita, menino, é bom demais ler vc!!! ah, e adorei a prosa com o atílio ... beijos.
querido diovvani,
agradeço a sua visita e as suas palavras
muito especial estar comentando a seguir a marilena, pois ela me deu palavras muito lindas também...
desejo a você um bom fim de semana
beijinho muito grande,
alice
Há uma maneira contagiante de contar coisas, assim como de fazer o internauta participar das aventuras e sonhos aqui registrados. Amei o seu Uivoooooooo em minha toca, e por isso virei sempre por aqui ler um pouco da sua alma.
BeiJuivooooooooooooooosssss da Loba
Diovvani, pessoa querida, tenho achado interessante essa coisa de nos dar um pacote 2 em 1! Poema e prosa! Poema e crônica! Você e seus "causos", suas histórias cheias de cheiros e de memória táctil.
Quanto a viver em um fio transparente, ora oscilando para cá, ora para lá, eu digo apenas que assim estou eu. Ora rindo, ora chorando, ora com vontade, ora sem, ora indo, ora voltando. Sabe, mesmo que eu oscile tanto, sempre cairei aqui... No meio confortável de suas linhas.
Beijos,
Jana (Janis)
Menino, seu poema é belíssimo! Tem imagens que me mataram de inveja! rs...
Mas esta prosa! Inveja mesmo é de saber prosear assim. Deste jeito muito mineiro, prosa gostosa, leve e solta nas nossas origens. Falo de inveja pq não consigo sair da minha escrita burocraticamente universal. rs...
Bom demais te ler, viu?
Beijão
:)
Ei, menino das Minas Gerais... Passo aqui para deixar um abraço e agradecer o carinho e a atenção de sempre.
Você já é uma pessoa querida e importante para mim.
Meus olhos continuam passeando por aqui!
Beijos,
abraço forte,
Jana
querido diovvani,
muito obrigada pelo seu comentário
lamento vir aqui pela terceira vez, mas tenho sempre de voltar!
para quando um novo post, amigo?
beijos do meu coração,
alice
Percebeu melhor o poema depois das minhas notas?
Espero que sim, afinal este intercâmbio luso-brasileiro também serve para nos enriquecermos culturalmente.
Um grande abraço.
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