poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.

sexta-feira, maio 19, 2006

postagem ao som da música "certas canções" de tunai e sérgio natureza com milton nascimento
(pintura de peter blake)
_(...............................) _
gosto de punhos abertos
que expulsam desertos
e pulsam abraços
nascentes de risos não-lágrimas
.
gosto dos rascunhos inacabados
mas que irrigam-inundão páginas
gosto da não certeza dos tolos
do pisar em falso do tombo-professor
.
gosto de desamarrar os cadarços
de velhos sapatos da infância
soltar crianças descalças
na lama do quintal em dias de chuva
.
gosto dos desorientados
dos lunáticos sem guarda-chuva
que tateiam no escuro-água
rastros no instante não no futuro
.
gosto dos que não caçam verdades
mas que garimpam e
colecionam incertezas
dúvidas-dores-alegrias
.
gosto da orquestra de sapos
sem maestro dentro da noite
gosto de lamber sem medo
o fio da foice daquela senhora
.
da janela de braços abertos rio
todo palhaço gargalhadas na cara dela
digo que não temo abismo nem céu
pois equilibro-me na linha-mistério
"que nem aquele cara na capa do disco do super tramp"
...

_pneu furado em dia de calor e macaco ruim_
uma
gota
de
mel
suor
caiu
fria
na chapa
salgada-quente do mormaço
.
ferveu
temperando
em si bemol menor
canção maior
sensível-transe
meu corpo agachado em clave
ergueu-se
ouvi sonoro e sustenido dó
no estalar de minhas costelas
...
_"ultraleve"__
os
fisgados
pelo passado
são os mesmos
.
que sempre
querem
a todo custo
pescar o futuro
.
para fitá-lo nos olhos
e fritá-lo em alho e óleo
na panela da ansiedade
fome-gordurosa de cada dia
.
acho que por isto
parecem estar
sempre acabrunhados-estressados
no corre-ultrapassa-corre das avenidas
.
de si alheios ignoram a bondade
que é mergulhar pelado e criança
no lago do presente e nadar
simplesmente boiar... em direção ao na-dar
.
nadar como nadam os peixes mesmo à vista
e debaixo dos narizes de seus
pinóquios-pescadores-algozes
nadar roubando iscas sem temer mastigar anzóis
...

10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Você gosta do gosto-sabor da liberdade encontrada aos poucos. Cada coisa guarda um pouco de liberdade. A liberdade nunca é tomada em um gole só, como remédio ruim para não se sentir o gosto. Liberdade transmutada em felicidade é sabor pra ser apreciado com a língua, aos poucos, sem pressa e gula. Você recortou em cada coisa o momento em que ela despeja a sensação de braços soltos e rodopiantes. E eu, que às vezes me soterro tanto, tive vontade hoje de sair correndo, sem grito ensaiado, sem braços ponto estabelecido, para um canto qualquer aquoso, daqueles que me fizessem voar, mesmo com a terra abaixo... Voar em água, sentindo meu corpo se misturar com outras vidas, em um momentto apenas que eu pudesse me sentir assim parte de alguma coisa grandiosa, pequena que sou.
E eu quero rios, risos... E chega de escorrer tanto pelos olhos, porque suas linhas são solares.
Querido, lindo poema... E eu saio e entro aqui... Sempre... Sempre carregada desta sensação de pés em terra molhada e gira-gira-gira-braços-abertos.

Beijos
Jana

P.S: Estou esperando suas canções e uma visita no Noturnando. As portas, as janelas, minhas almofadas esperam por você. Abraços.

sexta-feira, maio 19, 2006 5:12:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

"certas canções que ouço cabem tão dentro de mim, que perguntar carece": rapaz, que talento é esse? que boniteza é essa? certos poemas que leio, cabem tão bem aqui que afirmar careço: volto mais aqui, talvez ainda agorinha mesmo... cum deus, velho.

sexta-feira, maio 19, 2006 8:34:00 PM  
Blogger Sêmen de Gargalo said...

Apesar do link que você deixou no meu blog não ir para lugar algum, não tive muitas dificuldades em te char para te agradecer a visita e ao comentário. :)
Aloha! Namastê! Sawabona!
Sêmem de Gargalo

domingo, maio 21, 2006 10:03:00 PM  
Blogger alice said...

olá diovvani,

como vai, meu amigo?

a avaliar pelo post, muito bem

que estou eu fazendo em meu blog afinal?

leio suas palavras e me sinto inútil

um grande beijinho,

alice

segunda-feira, maio 22, 2006 1:58:00 PM  
Blogger Nilson Barcelli said...

Mais um impressionante poema (o primeiro, embora os outros também sejam bons).
Principalmente porque revelas imagens inesperadas e extremamente originais. Não vou referir nenhuma em especial, pois são tantas que não dá para escolher.
E depois o ritmo, a musicalidade. Avassalador, de facto.
Mas tudo isto é bastante frequente na tua escrita, mas talvez nunca o tivesses exprimido tão bem.
Enfim, estás numa forma poética invejável.
Abraço caro amigo.

terça-feira, maio 23, 2006 4:45:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Diovanni, querido,
agradeço pela visita ao Brutti. Eu havia esquecido de falar sobre este espaço, em que eu escrevo aos Domingos. O Brutti é minha outra casa, onde encontro com mais 6 amigos, com 6 escritas diferentes, mas que, ao mesmo tempo, vão se misturando, se adicionando, se transformando aos poucos.
Tenho visitado a morada de Alice e espero que você dê uma passadinha lá, para dar força a ela. Alice postou uma fotografia para ilustrar um de seus poemas e, por algum descuido ou por não constar o nome do autor anexado a fotografia, ela não pôs os créditos e o rapaz fez "O" estardalhaço em relação ao fato ocorrido. Já fui lá, me posicionei, porque a forma como ele tratou a questão foi intolerante, grosseira, infeliz. Estou chateada com a tentativa deste rapaz de sabotá-la e de menosprezar seu trabalho. Ele foi audacioso em afirmar que nada escrito por ela tem qualidade. Enfim, espero que você passe por lá e dê uma força a ela, porque não foi justa tanta violência por um erro, que muitos na net cometem. Se for assim, que todos sejam jogados na fogueira. :(

Beijos, querido.
Abraço forte!

Jana

terça-feira, maio 23, 2006 10:58:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

meu amigo Poeta:

a cada vez que te leio, enxergo as minas gerais, a infância, as travessuras. Gostaria de saber escrever assim, confesso.

sou teu fã sempre.

Nel Meirelles
http://www.falapoetica.blogger.com.br

terça-feira, maio 23, 2006 8:15:00 PM  
Blogger alice said...

para si, meu amigo, com um grande beijinho,

quando ali me sentava
os anzóis prendiam as sombras da tarde a ganir com o cio
se a água do rio ao menos vazasse a prata sem dor
ou os meus pés fossem canas de pescar sapatos
mas ali sentada diante do nada
era lume brando a cozer traições
e a agonia dos peixes na berma da água
era o fim dos teus olhos a acabar a tarde
se ao menos os barcos passassem de véspera pelas ilusões
ou as redes vazassem sonhos menos fáceis
mas ali sentada com a alma trocada
pescava o diabo e as tentações
ainda que eu cruzasse a solidão entre as pernas
o cio esganava o brilho da prata caído no chão
mesmo que os anzóis mordessem a margem
nunca a rota dos barcos me corrigia a alma
e ali sentada de pernas cruzadas
não tinha calçado nem canas de pesca para a solidão

alice

quarta-feira, maio 24, 2006 6:16:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Passo por aqui pra te deixar um abraço e pra dizer que estou relendo suas linhas, enquanto espero pelas novas ou até antigas!

Abraço forte,querido.
Espero que esteja bem.

Jana

quarta-feira, maio 24, 2006 7:05:00 PM  
Blogger Nilson Barcelli said...

Voltei a ler e voltei a deliciar-me.
Há trechos dos teus poemas que me fascinam, por exemplo:
... para fitá-lo nos olhos e fritá-lo em alho e óleo na panela da ansiedade fome-gordurosa de cada dia
Uma abraço caro amigo.

quinta-feira, maio 25, 2006 7:49:00 AM  

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