poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.

terça-feira, julho 18, 2006


esta é a centésima postagem do blog e estou aqui, ouvindo várias músicas, do meu próprio cd "mandala sonora". Há muito tempo, eu não lambia, minhas próprias crias.
.
_grisalho_

tive
pressa
.
agora
só rio
manso
.
enquanto
pesco
paciência
.
no gravitar
de nadadeiras postas
ao reflexo do anzol
.
agradeço sinceramente a todos que navegam por estas águas. saibam que tenho aprendido muitas coisas com todos vocês. fraterno abraço.

15 Comments:

Blogger Nilson Barcelli said...

Se não leu nada dos Lusíadas de Camões, vai ter que ler, pois é ele que fala do Adamastor nas descobertas.
O local era na zona de transição entre o Atlântico e o Índico, onde hoje é a África do Sul.
Um excerto dos Lusíadas:

O Adamastor

"Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo o negro mar, de longe brada
Como se desse em vão nalgum rochedo.
— "Ó Potestade, disse, sublimada!
Que ameaço divino, ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?" —

"Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura,
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má, e a cor terrena e pálida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.

"Tão grande era de membros, que bem posso
Certificar-te, que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo:
Com um tom de voz nos fala horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo:
Arrepiam-se as carnes e o cabelo
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.

- Fala de Adamastor aos portugueses

"E disse: — "Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas,
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d'estranho ou próprio lenho:

- Fala do Adamastor

— "Pois vens ver os segredos escondidos
Da natureza e do úmido elemento,
A nenhum grande humano concedidos
De nobre ou de imortal merecimento,
Ouve os danos de mim, que apercebidos
Estão a teu sobejo atrevimento,
Por todo o largo mar e pela terra,
Que ainda hás de sojugar com dura guerra.

- Profecias do Adamastor

— "Sabe que quantas naus esta viagem
Que tu fazes, fizerem de atrevidas,
Inimiga terão esta paragem
Com ventos e tormentas desmedidas.
E da primeira armada que passagem
Fizer por estas ondas insofridas,
Eu farei d'improviso tal castigo,
Que seja mor o dano que o perigo.

Pode ler mais se pesquisar no google com "Camões" ou "Lusíadas".
Camões é o maior poeta português de todos os tempos e, para além dos Lusíadas, uma obra épica enorme em 10 cantos, escreveu sonetos e outra poesia lindíssima.

Um abraço

terça-feira, julho 18, 2006 11:23:00 AM  
Blogger alice said...

querido amigo,

como me emocionei com suas últimas mensagens, fiquei até arrepiada pelo carinho que me transmitiu!

dou-lhe os meus humildes e sinceros parabéns pelo seu post n.º 100, você merece muitos mais!

não sabia que tinha um cd, adorava ouvi-lo, está à venda aqui em Portugal?

beijinho grande

alice

quarta-feira, julho 19, 2006 7:04:00 AM  
Blogger Ana Luisa Lima said...

Você sempre escreve coisas belas!

Como faço para ter o seu CD?

Beijos,

quarta-feira, julho 19, 2006 11:05:00 PM  
Blogger Nilson Barcelli said...

Um abraço.

quinta-feira, julho 20, 2006 6:40:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Centésimo post! Parabéns, camarada! Fiquei intressado em teu CD. Diovvani, esse poema é muito bom, excelente verso para se comemorar o post 100! Que venham mais centenas e cntenas de post e poesias e tudo mais!

quinta-feira, julho 20, 2006 11:23:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

diovvani, meu caro, entendi como sugestão e coloquei pra tocar "mandala sonora". agora, emquanto batuco nas teclas as letras deste rabisco em forma de comentário, sua voz diz coissas assim: "assanha os meus cabelos / desenrola os meus novelos / pira lã que agasalha neste frio de berlim ..". 100 posts merecem mesmo uma comemoração. toma uma aí, que eu tomo uma aqui. enquanto isso, tenha pressa mesmo, não. e continue e nos brindar copos-cristais de canções e poesias. cum deus, velho.

quinta-feira, julho 20, 2006 4:08:00 PM  
Blogger Na Mira da Rima said...

comemoremos aqui o centenário de Diovanni rsrsrs Nunca é o mesmo rio que olhamos... as águas mudam, as mudas crescem, os poetas... bem: esses não envelhecem! ainda que grisalhos fios teimem em brotar de seus rios.

Abs amigo

Clauky
PS: eu e Nel falamos de vc hj!

quinta-feira, julho 20, 2006 6:34:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eita!! Nada como a sabedoria esparramada em versos de uma simpicidade e boniteza que faz a gente até querer ficar "grisalha" logo!!! (E agora vc se pergunta: mas, a Dora não tem fios brancos ainda? rs).
Beijos.
Dora

sexta-feira, julho 21, 2006 1:18:00 PM  
Blogger Marina said...

Belo poema! Sereno...

Parabéns pelo post! Voltarei por aqui... ;)

Beijos.

sábado, julho 22, 2006 2:25:00 AM  
Blogger Passageira said...

Centésima postagem? Que coisa boa! E tou aqui pensando que conheço poucas delas. Vou ter que enveredar pelos caminhos antigos, porque sua poesia tem muita coisa a ensinar - em especial, vida!
Como neste poema... além de muitissimo bem construido, tem uma inequívoca mensagem do qto vale a pena viver!
Parabéns, viu?
Beijos muitos

sábado, julho 22, 2006 9:13:00 AM  
Blogger alice said...

querido diovvani,

ainda não sei sobre seu cd...

espero que esteja tudo bem consigo

desejo-lhe um óptimo fim de semana

um grande beijinho

alice

sábado, julho 22, 2006 5:25:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Acabo de tirar o cd da Dulce Pontes do drive, para ouvir meu amigo das Gerais. Marcos Pardim acabou passando na minha frente e deixou os primeiros acordes-versos de "Minha Janis", minha preferida. :D
Diovvani é simples como a vida deveria ser. Simplesm singelo, todo olhos brilhantes. Quando chego em sua casa, peço licença, limpo meus pés de todo o pessimismo, sento ao lado dele e fico quieta. Janis fica quieta, com olhos vidrados, colhendo palavras, aprendendo suavidade. Somos contrastes. É só comparar o espaço dele com o meu. Diovvani vem trazido em luz, branco claro, paz, coisa boa. Eu estou lá no meu Noturnando, meio carregado, meio melancólico. Por isso venho aqui sempre pra dizer obrigada, pra dizer que você me faz sorrir e não raras as vezes chorar. A vida que você traz nos dedos-poesia, nos lábios-canção são presentes recebidos e guardados na lembrança.
Gosto muito de você, menino das Gerais. Gosto, respeito, torço. Querer bem, coração aberto, abraço guardado.
Deixo aqui um pouco de mim.
Diovvani é vida escorrendo por aí.
Beijos, menino

Jana (Janis)

domingo, julho 23, 2006 4:31:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ei, amigo, que coisa boa, 100 posts! Parabéns, Diovvani! Ando por aqui há pouco tempo, mas, neste tempo, já gosto por demais de ler seus poemas sempre tão envoltos numa emoção que fala de vc, mas que ressoa em quem lê. Como gosto de dizer, uma poesia com cheiro de terra molhada.
Bem, não ouvi o seu CD, mas já gosto dele pelo nome. Trabalho com símbolos, Diovvani, e a mandala é uma imagem que faz parte do meu dia a dia. Deve ser bom por demais o seu CD.
Um abraço, amigo, e boa semana

domingo, julho 23, 2006 5:31:00 PM  
Blogger Nilson Barcelli said...

Já aqui tinha vindo, mas com a sua dúvida acerca do Adamastor acabei por me perder...
Parabéns pelo seu 100º post. Comemorou o evento muito bem, com um poema muito bonito.

Um abraço e boa semana.

PS: Nimbypolis é nimby + polis
Nimby = not in my back yard, que é uma expressão americana, que se vulgarizou em todo o mundo, e está relacionada com o ambiente, mais directamente com os resíduos (não nas trazeiras do meu quintal...). Por analogia achei que o termo + polis (cidade, urbe) se encaixava com o que eu tinha ideia de escrever quando iniciei o blogue. Que era atacar o lixo social que temos, principalmente na política.
Ao fim de um ano cansei-me desse tipo de textos e fui mudando para a crónica, narrativa ou conto. Ao fim de 2 (há cerca de um ano) virei para a poesia.
Hoje o título do blogue não faz sentido com o que escrevo. Mas já não mudo, paciência...

segunda-feira, julho 24, 2006 8:46:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Que poesia bonita! ;)

domingo, julho 30, 2006 3:38:00 PM  

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