poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.

terça-feira, julho 25, 2006

postagem ao som da música fruta boa de milton nascimento e fernando brant com nana cayme.

_marilac menina mãe_
.
marilac gangorrava no balanço amarelo
à sombra da árvore dos poemas*
pura poesia em movimento
folhas secas caídas sobre o chão
forrado de pedras em círculo
ajudavam na composição dos compassos
do que mais parecia uma fantasia barroca
.
ao redor o companheiro edson e os filhos aguardavam à vez
arthur e joão conversavam com o tio fotógrafo de instantes
marilac leve embalava-se criança simplesmente
menina-mulher-mãe suspensa no ar
resgatando da infância o suspiro-lembrança
de se deixar livre-folha ao vento balançar
preocupações diárias esqueceu-embrulhadas
n´outro espaço do interior presente lá fora
.
porém não sabia a pequenina marilac
que seu alegre-suave vai-e-vem
por um fraco-fio estava
e no quase sonho
quando novo impulso foi ganhar
nas pontinhas do pés... acorda...
.
"track-track"
"de-serpente" o bote traidor da corda
e marilac caiu na realidade do chão duro
não houve grito ou barulho
apenas a menina-mãe seu ai mudo
e sua dor de mulher
estendidas sobre folhas e pedras
.
"após o susto e pensando bem...
caiu marilac
para que não caísse um dos filhos
há mães que são assim
se pudessem
sentiriam por seus filhos
todas as dores do mundo"
.
a poesia partiu de mim em viagem não olhou para trás e tão pouco disse se volta. se é que algum dia esteve por estas paragens. bem, encontrei o poeminha-relato acima, que é verídico; na cumbuca, uma pasta que tenho aqui no computador do escritório. é para onde transcrevo-gravo anotações que faço do meu: "desparabólico caderno capturador de pensamentos desconexos", que tenho lá em casa; onde não tenho computador. portanto se eu quiser fazer novas postagens, vou ter que meter a mão na cumbuca e ver o que sai de dentro. o tombo da marilac, esposa do meu amigo edson, ocorreu numa tarde de domingo do ano passado. depois do ocorrido, a família não apareceu mais. aproveito para informar que o balanço está de cordas afinadas e novas. benção para o arthur (meu afilhado) e abraço para todos vocês. lembrei-me com essa história de balanço, de uma entrevista do escritor rubem alves no programa da leila entrevista, na rede minas. ele disse mais ou menos o seguinte, se não atrai-me à memória:
"quem usa balanço não tem depressão, não tem como!"
"se eu fosse político prometeria balanço nas praças para todo mundo."
"o que deus faz é brincar. o universo é uma grande brincadeira."
"deus é a grande melodia tocada no universo. não peço a deus nada.
apenas quero ouvir sua melodia.
.
*árvore dos poemas – por causa dessa idéia uns amigos e parentes dizem que é a confirmação, de que eu não regulo bem das idéias. essa árvore, é onde coloco engarrafados, os poemas que gosto e ainda por cima, ficam na sombra, protegidos do sol e da chuva. faço da seguinte forma:
.
1) imprimo um poema que gosto numa folha. (uso frente e verso)
2) enrolo a folha e faço dela um canudo, que passe pelo bico da
garrafa pet transparente.
3) coloco a folha dentro da garrafa - a folha se abre.
4) prego a tampinha da garrafa no tronco ou galho na árvore.
5) enrosco a garrafa na tampinha pregada na árvore.
6) pronto! está "plantado" um fruto-poema na árvore e assim por diante.
para ler os poemas, basta desenroscar a garrafa da árvore e "saborear" o fruto-poema, (com os olhos) na sombra da árvore. algumas pessoas acham que tem que tirar a folha de dentro da garrafa (acham difícil ler) . digo que não. tem que "interagir" com o poema, mesmo dando algum reflexo de sol. é isso, ficarei feliz se mais alguém fizer pelo menos uma "Árvore dos Poemas" por esse mundão afora. e aguardem, porque a idéia está evoluindo vem ai a "Árvore dos Poemas Sonora". pois é, agora estou dando um jeito, para fazer a árvore literalmente falar-declamar, os poemas. tenho um novo amigo português, que mostrou-se disposto em ajudar-me, nessa tarefa. português e brasileiro... fazendo árvore falar... só faltava essa... podem fazer piada, não ligo não, sei que o mote é bom. posso até ser meio-maluco, mas tenho andado muito-de-bem-com-a-vida.

12 Comments:

Blogger Unknown said...

deu-me vontade de colher frutos-poema ao pé dessa árvore felizarda, provedora de sombra e versos...

outra verdade que contou muito bem por aqui foi: pudessem as mães sentir todas as dores do mundo no lugar dos filhos...

Nel avisou pr'eu vir aqui - ainda bem que vim!

Poetabraços

Clauky

terça-feira, julho 25, 2006 12:35:00 PM  
Blogger alice said...

querido diovvani,

fico muito feliz por visitá-lo num dia com post fresquinho

adorei ler e quase ouvi o milton por baixo das suas palavras

um grande beijinho, meu amigo

até breve e tudo de bom

alice

terça-feira, julho 25, 2006 1:35:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Cara!

Como é engraçado esta tal de poesia, o que seria apenas um tombinho acidental que poderia talves ser mais gravel, o poeta viu nele uma poesia e o tombo ficou eternizado.

O bacana é que voce conseguiu ver o lado bom desta queda, " a mâe caiu , talvez para evitar que o filho caisse.

O Michupa.

terça-feira, julho 25, 2006 2:40:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Tem pessoas que são a PROPRIA POESIA !!!
Assisti a uma palestra de Rubem Alves recentemente e guardei muitas de suas frases , dentre elas " Um adulto que se assenta num balanço é porque perdeu a vergonha. E perder a vergonha é o início da felicidade"
Beijos em vc

quarta-feira, julho 26, 2006 10:45:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

querido amigo,

sabe como gostei de todas as suas visitas e num momento de afastamento, venho agradecer todas as suas palavras, por favor me desculpe se o decepciono, quero poder vir aqui visitá-lo sempre, posso? espero que sim, diovvani. um grande beijinho para você,

alice

quarta-feira, julho 26, 2006 2:01:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Tem tudo aqui...Tem balanço, poesia, risos, lágrimas, sonhos, enfim, um terreno, digo, blog, onde se pode ficar por horas, inventando a vida, brincando e sendo feliz!!!! E na companhia e com a proteção de "um meio-maluco" adorável!!!
Abração!!!
Dora

quarta-feira, julho 26, 2006 3:11:00 PM  
Blogger Nilson Barcelli said...

Eu não vou comentar o seu post na íntegra, pois teria de estar aqui uma hora a escrever, tantos e tão ricos são os aspectos que aborda.
A sua ideia da árvore dos poemas, sendo louca, é genial. Não faço ideia onde está a árvore, deve ser no seu quintal.
Mas, levando a sua louca ideia mais em frente, não seria de criar um movimento internacional de fazer o mesmo nas árvores das cidades? Bem, não sei se haveria garrafas para as encomendas...
Um abraço caro amigo e parabéns pelas suas geniais ideias e escritos.

quinta-feira, julho 27, 2006 4:47:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Querido Dio,

Saudades de você, das tuas poesias e e-mails!!
Pq. sumimos..sinceramente não sei..penso muitas vezes neste pq!!

Sou suspeita para comentar teus textos, pois os acho extremamente poéticos, questionados e pronfundos ( todos!).

Este de hoje vou destacar um trecho que achei de uma delicadeza e beleza ímpar...

"menina-mulher-mãe suspensa no ar
resgatando da infância o suspiro-lembrança
de se deixar livre-folha ao vento balançar.."

Beijo na tua doce alma.
Andréa Motta

quinta-feira, julho 27, 2006 7:09:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

diovvani, meu velho, poesia é bicho danado de gostar de solturas, indomável que só ela. vem na hora que quer; vai na hora que deseja. sem nem ao menos dar-nos a mais ínfima das migalhentas explicações. mas, em vc, meu amigo, sei não, mas desconfio que ela fez foi morada, ainda que vezenquando se faça companheira dos silêncios. ah, e esta sua "árvore", hein, genial. cum deus, velho.

quinta-feira, julho 27, 2006 8:33:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Adorei isso da árvore dos poemas!

Sempre bom passear por aqui... :)

Beijos!

domingo, julho 30, 2006 4:47:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Ei, menino...

Sabe, Diovvani... Você me ensinou a ser um pouco mais solar... Eu que só ando Noturnando, né? Gosto da leveza dos teus poemas, da tua voz de menino, dos olhos atentos à vida, que é o próprio poema, aguardando apenas que a gente estenda a mão e guarde um pouco para si.
Este poema é leve como o ritmo do balanço. Precisamos de pouco para voar. Um pedaço de madeira ou pneu... Umas cordas e disposição para deixarmos a nossa vida de riso contido, de mãos fechadas, de carne tensa, para experimentar este retorno à infância, ao vento todo assanhando os cabelos... Assanha meus cabelos...
@)--)--------
Você se tornou peça boa no meu dia. Sei que estou meio sumida, que estou demorando em responder e-mail... Minha vida está meio doida, mas logo-logo espero botar as folhas no lugar... Mas seu lugar, ah, este está sempre guardado.
Queria ter uma árvore para fazer o mesmo. Queria ter um transportador de partículas para parar aí em Minas, para te dar um abraço forte e para dizer obrigada por ser meu Drummond anos 2000. Homem de olhos inocentes e doces.

Beijos

Jana

domingo, julho 30, 2006 11:55:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Fiquemos com essa de que o universo é uma grande brincadeira, e vamos brincar, enquanto é tempo! Meu abraço.

domingo, julho 30, 2006 4:16:00 PM  

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