poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.: abril 2009

quarta-feira, abril 22, 2009

Árvore dos Poemas

Abaixo, uma amostra grátis de alguns poemas que fazem parte do livro Grãos ao alto!
pirando-me

é
este
poema
não nasceu
para ser escrito
este poema nasceu
para ser como um grito
poema fadado ao infinito
a própria pirâmide do Egito
...
qualé?

diz
pra mim
tim tim
por
tim tim
qualé
o teu tom
se Jobim
ou bourbom
diz
pra mim
se é
bordeaux
ou carmim
teu batom
diz
pra mim
qualé
tua teia
tua laia
se é Tim Lopes
ou Tim Maia
qualé
tua praia
diz
pra mim
antes
que chegue
o fim
me diz
qualé
o teu tom
...
Barra Grande, 1976.

tarde fria,
minha mãe
sentada à porta da casa
apontando uma velhinha,
bem velhinha,
que passava
corcunda e lentamente
pelo caminho das alfazemas;
dizia que ficaria
daquele jeito, um dia...

eu, menino,
apenas chorava
por achar proibido
que minha mãe
envelhecesse...

hoje,
cá estamos,
ela e eu,
como se aquela tarde
de chuva fina,
velhinha e saudades
fosse ontem.

para mamãe.
...
R.G

acendo o incenso
a dizer quem sou eu:
vizinho de Ascenso,
primo de Alceu.

rimo quando quero,
quando não quero, amém!
Frei Damião e o baixo clero
são meus vizinhos também.

comungo poesia
nas três refeições,
degusto-a todo dia
em fartas poções.

andar sentado,
sem pisar no chão:
b/ônus do meu legado,
parte desta missão.

olhando de perto,
escrevo pelos ares,
como escravo liberto
do meu Quilombo Palmares.

consigo sigo torto
por minhas linhas retas,
como bom filho que sou
da Terra dos Poetas.
...
Deus no jornal

deu no jornal
sobre o desabamento
de um prédio antigo,
cheio de vazio

[dentro]

sobre os escombros
víntemil vítimas desencontradas,
e o acaso a sorrir
dando de ombros.
...
dos medos de Oscar Niermayer

Ah, e quem diria,
o velho Oscar
morre de medo de morrer,
morre de medo de voar,
o bom e velho Oscar.
E quem haveria de dizer
os medos que ele tem,
morrer de medo de morrer,
Oscar, logo você,
que já passou dos cem?
E deve ter pensado assim
o grande Oscar: “Não vou
de avião a Cuba,
vai que um vento me derruba,
e lá vou eu morrer no mar!”
E lá não foi, o grande Oscar,
beijar a mão do seu amigo
que não tem medo de voar,
tampouco medo de morrer,
medo de morrer no mar.
É que voar, Oscar,
é um artifício comum da solidão,
voar é o que você faz
com a sua obra, Oscar,
mas sem precisar sair do chão.
...
a Deus

adeus às bulas
seringas
e suas agulhas
adeus
medicamentos
de uso tópico
corredores cinzentos
adeus anti-bióticos
adeus às madrugadas
de choros recém-nascidos
passos na escuridão
adeus
noite fria
chuva ao longe
e solidão
adeus sorrisos marfins
adeus bondades
gentilezas e afins
a Deus dona Fátima
adeus a tudo o que vai
e ao que não vai
fazer falta
adeus

hoje a saudade
recebeu alta
...
tempo de tempestade, julho passado. das águas que foram divididas, este poema é um sinalizador. ofereço às pessoas queridas que deixei lá no hospital De Ávila – Recife, 07/08.
...
destamanho

tem horas
em que paro
e penso:

preciso de alguém
para dizer
um euteamo imenso,

algo maior
que o próprio
firmamento,

um amor
assim
sem cabimento.
...
epitáfio para um poeta que acreditou
ser a vida algo muito além de um
mero “fim da linha”:

volto em breve!
...
Entrevista do Múcio ao blog da Sociedade Mutuante - aqui
Ouça no dia 28/04 (terça-feira), às 15h10min, a entrevista ao vivo, que o apresentador Tutti Maravilha fará com o Múcio, em seu programa Bazar Maravilha, na rádio Brasileiríssima FM 100,9 - aqui
Entrevista ao programa Agenda - aqui

quinta-feira, abril 09, 2009

Abaixo alguns vídeos dos frutos-poemas, que eu e o Vinícius Fernandes Cardoso, da Academia Contagense de Letras, saboreamos sob a sombra da Árvore dos Poemas, no Ninho das Pedras. Aos amigos-poetas, que não puderam comparecer, deixo aqui, o convite para a próxima oportunidade.

O BAR DO PIANISTA - Vinícuis Fernandes Cardoso - 14.03.09

NÃO HÁ VAGAS - Ferreira Gullar - 14.03.09

AINDA HEI DE TER O MEU CASTELO! - Leonardo de Magalhaes - 14.03.09

DILEMA DO ELETROPOEMA DE UM FÔLEGO SÓ - Lecy Pereira Sousa - 14.03.09

OUVIDOS DE ORVALHO -Fabrício Carpinejar - 14.03.09

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