poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.: janeiro 2012

segunda-feira, janeiro 30, 2012

TV ESCOLA, "Pão e Poesia na Escola"

O projeto "Pão e Poesia na Escola", patrocinado pela V & M do Brasil, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, foi uma das iniciativas focalizadas dentro da 8ª Semana de Poesia da TV Escola. As gravações ocorreram no dia 01 de setembro de 2011, na Escola Estadual Duque de Caxias, bairro Santa Helena, Belo Horizonte (MG). A reportagem foi ao ar no dia 17 de outubro de 2011. Para assisti-la, clique aqui.
A exemplo do que ocorreu por dois anos consecutivos em 10 escolas na região do Barreiro (BH), a partir de março de 2012, as oficinas de poesia do projeto serão levadas (no mesmo formato) para mais 10 escolas na cidade de Brumadinho (MG).

Sinopse

Em sua 8ª edição, a Semana de Poesia da TV Escola se dedica a falar da poesia em sua essência: os principais gêneros, a linguagem poética, poesia infantil, música e poesia, grandes poetas e os poemas que se tornaram parte do imaginário popular como “a pedra no caminho, Pasárgada, as aves que aqui gorjeiam e não gorjeiam como lá... Além dos grandes protagonistas da Semana, nossos Pequenos Leitores, Futuros Poetas, com os vídeos autorais enviados por escolas de todo o Brasil.A programação da Semana de Poesia ainda conta com reportagens feitas em escolas de todo o país, no quadro TV Escola na Estrada, além de documentários especiais, entrevistas, quiz e o Fique Sabendo, com curiosidades literárias também nos intervalos da programação.

Duração
60 minutos

Série
8ª SEMANA DE POESIA

Faixa de Ensino
FUNDAMENTAL E MÉDIO

Palavras chave deste vídeo
Poesia, Pasárgada

Fonte: http://tvescola.mec.gov.br

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Postagem ao som da música Bad – U2



NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI
Eduardo Alves da Costa

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

In: COSTA, Eduardo Alves da. No caminho, com Maiakóvski. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. (Poesia brasileira).