poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.: junho 2006

segunda-feira, junho 26, 2006

postagem, ouvindo diretamente dum velho vinil, a música: "a rota do indivíduo", de orlando morais e djavan. essa música, não fez o sucesso que merece. se duvidam, cliquem no link acima e confiram: que obra prima de letra, que poesia!!!

. (infelizmente não sei o autor da foto)

_homem gato_
tenho vivido com um pé
na linha de nylon
invisível do triz
o outro torto
na corda bamba nervosa
e s t i c a d a
sobre o abismo
.
caio-não-caio
.
engulo seco-vento
destravo no nó do gogó o grito
e n ã o p u l o
porque sei
no último instante
sempre darei um jeito
de sair do xeque-mate
agarrado ao pulo gato
.
carrapato
no couro do gato
serei
energia bruta à tracionar
às patas do bicho
no salto do abismo
.
o corpo encarnando a "felinalma"
no átimo exato
do ponto flutuante da fuga
do salto no salto "in" salto
das profundezas abissais
onde jogarei meus sais
do salto no salto "in" salto
das profundezas bestiais
onde deixarei meus ais
.
tenho vivido com um pé...
na linha de nylon invisível do triz...
.


para atílio buzato. camarada que conheci, há uns dois meses atrás e já o considero amigo. "assucedeu-se" o seguinte: estava eu indo para casa, com a margarida (carro / rural willis) e resolvi parar no caminho no "FAMOSO PÃO COM LINGÜIÇA", próximo a entrada da lagoa várzea das flores e ao lado do "BOI KERI". entrei e comprei o tira-gosto para saborear em casa. quando estava de saída, o atílio, puxou conversa comigo (logo, eu!? que quase não gosto duma conversa...) e foi logo dizendo, que também tem uma rural que fica numa fazenda no interior aqui das minas gerais. ficamos ali, na boa prosa e ele me deu, umas dicas legais, sobre carro velho; apreciei o papo. fui embora pensando ... sujeito gente boa... gente boa mesmo... na semana seguinte, tive que levar a margarida ao lado do lugar onde conheci o atílio, para trocar um dos eixos de molas da suspensão. encontrei-me por lá, novamente, com o atílio e estávamos tomando uma cerveja, quando o mecânico chegou e me disse que a mola estava errada. era um sábado e eu disse para ele, que teria que ser na segunda feira, pois eu só tenho a margarida para rodar. não tive tempo, nem de dizer ao mecânico, para montar o eixo velho mesmo; para eu ir embora. o atílio foi logo dizendo: "quem disse que você não tem carro para ir trocar a peça?" vou com você agora. vamos, vamos, vamos... e foi abrindo a porta de sua camionete. não teve como recusar diante de tanta boa vontade. no caminho, fomos conversando e descobrimos que temos vários amigos em comum. meu avô (geraldo monteiro), fazia carretos para ele, numa carroça puxada por um cavalo branco. eu disse a ele: "lembra do menino que vendia leite com o velho sô Geraldo?" pois é... sou eu. ai a conversa, foi ganhando outros vultos e ele foi contando um punhado de casos de sua vida. bom... resumindo... a peça estava certa... explicamos ao mecânico (que ficou de terminar o serviço na segunda feira) o que tinha que ser feito e retornamos o papo e a cerveja. (...) quando já era bem umas três ou quatro horas da tarde, disse ao atílio: "essa é a "saidera", porque vou pegar o ônibus ali, no ponto, para ir embora". outra vez o atílio, (pessoa que nem me conhecia direito) surpreende, dizendo: "você não vai de ônibus não... de jeito nenhum... não aceito isso! nós vamos lá em casa... você conhece minha esposa... minha filha... e vai embora no outro carro que tenho. não teve jeito, tive que ir... e aceitar a mais que generosa oferta. pois é... atílio buzato é assim... pessoa desprendida... dessas que parece, intuir as coisas no vento... agradeço-lhe amigo, por ter tido, tanta consideração para comigo. estou te esperando lá em casa, para terminarmos nossas conversas, que parecem não ter fim. ai está, conforme o prometido, aquele poema que você gostou e me pediu por escrito.
E.T: estou esperando o peixe de 100kg, que você disse que ia trazer da pescaria, "falô"!? ou é mentira de "pescadô"? abraço para você e sua família. conforta-me saber, que pessoas como você, ainda caminham sobre a terra.

sexta-feira, junho 23, 2006

postagem, ao som de "dois rios" com skank. música de samuel rosa, lô borges e nando reis.

_"camelódrica decisão dramatical"_
.
já que sou
mesmo tonto
e orelha seca
com palavras
.
não brigo
mais com elas
só brinco
bijuterias
.
_sobre o sebo I_
o sebo é o motel
por onde trafega
sem pudor
o amante do livro
.
molha os dedos
na ponta da língua
acaricia primeira página e entrega-se
completo à leitura
.
_sobre o sebo II_
quando vejo um sebo
minhas pernas tremem
sinto vertigem
.
pois sei que lá
é o paraíso onde não há
nenhuma leitura virgem
.
mas é onde bem ou mal
amados livros esperam
abertos serem
.
_sobre o sebo III_
o sebo é o único lugar
onde à promiscuidade
faz bem à saúde
principalmente à mental
.
é onde podemos amar
leituras diversas
da poesia à filosofia
da gramática à alquimia
.
apesar do contato com leituras diversas
não nos contaminamos com doenças
exceto o vício de um livro sempre perto
ou no máximo espirros causados pela poeira
.
_sobre o sebo IV_
gosto mais
de livros usados
porque
suas frases e linhas
.
costuram
olhares de antes
na minha
comovida retina
.
porque
contam histórias
para duas meninas
que habitam minhas castanhas janelas
.
_sobre o sebo V_
sou
ensebado
mas
pela
espuma
do
pensamento-pêlo
impresso
nos
livros
.
_sobre o sebo VI_
nas prateleiras do sebo acaricio
os longos cabelos da filosofia
toco
o bico do seio da poesia
.
beijo
a boca da prosa
enredo-me
nos galhos do sertão rosa
.
ouço
trinado de "passarin" no quintal de mário
vejo
esquecido e velho sábio
.
descubro
o reflexo além das lentes da rocha glauber no céu
lembro
que sou barro quem dera dos sapatos de manoel
.
para:
sr.amadeo - que há muitos anos trabalha na rua dos tamoios, 748 com livros usados em belo horizonte.
sr.edson - da livraria popular aqui do bairro eldorado onde passo de vez em quando para comprar livros
"branco" - que tinha um sebo no edifício maleta onde comprei meus primeiros livros usados. tempo que minha carteira de trabalho era assinada como mensageiro.

sexta-feira, junho 16, 2006

Trovador_Hector_Zablach

postagem ao som da música "um girassol da cor de seu cabelo" com lô borges.
_convencido_
.
quando fico dodói
faço
dengo-manha
e sei ...
o chazinho de hortelã
colhido na horta
é puro placebo
.
o que me cura mesmo
confesso
é o carinho
e o saber que sou
todo-alvo-atenção
dos olhos daquela
que me olha verde

para vanusa. dona dos olhos verdes, que me fazem às vezes, saltar da cama e pensar, que sou poderoso como o incrível hulk. nunca pensei que iria casar-me, mas hoje acho, que é das melhores coisas, que aconteceram na minha vida.

terça-feira, junho 13, 2006


(Pintura de Eschiele Paar)
postagem ao som da música "pássaro" com sá e guarabira.
_"visgado"_
meu pensamento antes
águia-hélice-helicóptera-solta
desprezava o peso do corpo-aço-ferrugem
por isso sabia intuir giros de cata-vento
nos longes-inoxidáveis
.
meu pensamento antes
capturava fantásticas
possibilidades refletidas
fora dos espelhos-círculos
das montanhas minerais


.
sumia ...de mim no perder-de-vista-sem-fim-míupia-léguas-daqui
.
mas agora
pés nus no
poleiro-visgo-poesia
só quer fazer-obrar
precisão
nela

terça-feira, junho 06, 2006

postagem ao som da estonteante música "who´s gonna ride your wild horses" com u2
_domingueira_
.
uma folha de abacate seca
flanava n´água-verde-clara
em mini ondas que o vento-zen
mudo-movia sem saber que "karmavia"...
.
uma borboletazul++ de dar inveja
em céu de brigadeiro pousou-encarnou na folha
ficou lá... asasazulejando iaricas~ondinhas
tudo-"chomovia" sem saber que comovia...
.
surfam ainda "búdicas"-solares... folha-e-borboleta siamesas
no arco-halo-íris-órbital ... da cabeça de um homem
o mesmo que no domingo... entregou-se ao ócio
abraçado à preguiça ... sentado numa pedra...
.
este homem têm com chapéu sua normal-sanidade-capengante
e consciente sem chapéu caminha... sempre às margens do hospício
e pra´ele estar de um lado...-...ou do outro do muro
só depende de quem... medirá... a ...gravidade de cada mundo
.
para o amigo robson, com quem estive no sábado último, consertando o cinto de segurança da margarida (minha rural). falando nisso, diria que margarida está quase nos "trincks". não fosse um "pit", que ela deu quando o irmão do robson (everson sapão), tentou engatar uma ré, para retirá-la da rampa, na garagem onde seu motor estava sendo lavado. margarida empacou como burro velho! não teve manha, que a fizesse aluir do lugar. deve ser para confirmar, que ela é mesmo: possessiva e não gosta que outros toquem nela. não adiantou nada, eu ir lá, conversar com ela e tentar "desengripar" o cambio de marchas. acho que ficou com raiva e só saiu rebocada pela camionete do ronaldo-bicudo (dizem que é bom de bola – quero ver – fominha e barrigudo já tenho certeza) a quem agradeço e dedico também esta postagem. por lá, aconteceu churrasco dos bons, para comemorar o aniversário do sô bené. enquanto dona maria raimunda na cozinha preparava canjica e outras delícias mineiras, (respectivamente pai e mãe do robson) nós, contadores de " verdades" no quintal, entre um gole e outro proseavamos. as músicas no ambiente eram aquelas... das paradas de sucesso... da década de 70: wanderlei cardoso, martinha, waldik soriano, altemar dutra, sidnei magal, roberto e erasmo, eduardo araújo, lílian, evaldo braga, etc. turma da pesada, festa de arromba; mora!? sô bené, trabalhou na rádio atalaia, como motorista em 1971, quando esta ainda não tinha sido vendida. por isso, o repertório estava afinado, com o da referida rádio que fez história aqui nas minas gerais. mourão filho, paranaense, era o dono da rádio para quem sô bené trabalhava. Mas o motorista ruim de roda (palavras dele) guarda especial lembrança de dona mariazinha, esposa de mourão filho. contou-me, que certa vez, próximo ao dia das mães, ela o aconselhou ternamente a dar um presente para sua esposa (maria raimunda) que na época, estava grávida do robson, hoje com 33 anos. eh, existem pessoas, que não passam... parece-me que dona mariazinha é uma dessas, pois até hoje, é presença boa na memória de sô bené. segunda-feira última, falei com robson ao telefone que me disse que logo que fui embora, é que a coisa esquentou pra valer, com a chegada de dois violeiros afinadíssimos: cris e matillis. qualquer dia terei o prazer de ouvi-los podem aguardar. sem mais delongas, esta postagem, é também dedicada ao paulo-mentira, que ensinou-me uns macetes para "desengripar" a caixa de marchas da margarida (deve ser sensível ao frio). é bom precaver-me, pois nunca sei, quando ela vai cismar de empacar novamente.
em tempo, recebi carta de minha musa-amiga janaina calaça. resumindo aqui, disse-me ela, sobre minhas dúvidas-inseguranças das regras literárias: não podar a criatividade por causa das regras e que é "pr´eu" descer a lenha e não assoprar. assoprar sim, mas só se for, para alastrar ainda mais o fogo. "intão tá i". abraço para todos.

quinta-feira, junho 01, 2006

Silence - 4 of air by Lunaea Weatherstone (Full moon dreams tarot)
postagem ao som da percussão de minha barriga roncando de fome.

_ladainha alcoolizada_
tem sábados que fico mesmo estacionado
na preguiça-silêncio-lata esperando domingo
na querência de capturar apenas o levedo-"in"

do inconstante-instante-tonto
capivara-esperta sempre na fuga
da lagoa de minha consciência-ruga

é que no campo cinza-camelo
em meu deserto-pó-de-números manca
com sede minha aleijada lógica

por isto penso ser possível a mágica
de desengarrafar e beber água lá dentro
do reservatório do absurdo átimo do instante

assim boiar borbulhando eternidades-"hailandricas"
além é claro de dar uma inocente cheiradinha
no vento-éter-imortal-das-idades e ficar aqui pra+de 100