poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.: abril 2006

quarta-feira, abril 26, 2006

postagem ao som da música "ninho de pedras" do grupo plan
_valvulado-destransistorizado_
.
sou largado movimento noturno lagarto rei e plebeu aos trapos no mato
(des)travo línguas e abracadabra abro velhas portas entre eras
atravesso porteiras salivo sibilo tiro casca véu e grito
ao som do "percussivo" chocalho b r a v o
.
senha para ligar em mim primitivo dínamo
observo relâmpagos na luz valvulada no olho do mundo cão
agulha surfa no sulco de flexíveis bolachas extraídas de preto óleo
e arranhadas canções balançam anciões auto-falantes
.
esfaqueiam-me adormecidos cortes adquiridos nas pedras do caminho
veste-me o silêncio que cala toda boca minha alma sai da toca
e assim me vejo arrebentando os pontos de antigas cicatrizes
no circulo da noite sou poeira no pé de um moleque com macuco
(estou sujo mas alegre e saltitante como pulga sem freio)
.
pego carona num veloz carrinho de rolimã armo fuga de rima equilibro-me na ponta curva no bigode-catapulta do gato sem esfolar cotovelos mergulho
"balango-me" na gangorra do bico da coruja caio em pé na primeira
légua da estrada acendo astros na floresta da quase manha
.
mudo transmuto-me
em ouriçada lagarta de goiabeira
respeito mas sapeco até louva-deus
que desavidado me toque
.
"À VC" dona zuleima velha e sábia druida fazedora de remédios. "À VC" que faz do veneno cura. "À VC" que é mãe como minha mãe. "À VC" que tem um filho que é meu irmão. "À VC" incansável aprendiz da vida e dos mistérios. "À VC" que deu rasteira até em "Acidente Vascular Cerebral." cê é mesmo danada!

terça-feira, abril 18, 2006

postagem ao som da música sentinela com milton nascimento e nana cayme pegando carona no bom gosto musical de meu amigo ronilson.
_os atentos ouvem melodia sem bis que não toca no rádio_
veloz e ligeiro
o vento foliou páginas
da partitura duma sonata inédita

eu na saia da tarde bordada de noite
ouvi o arpejo das cordas
de mil violinos-violas-violoncelos

neste rápido bom sequestro de minha lucidez
pensei que fossem pássaras as folhas
que do chão alçaram rasteiro bêbado vôo pelo quintal
para todos os meus amigos e suas canções inéditas que não tocam no rádio.

quinta-feira, abril 13, 2006

postagem, após longo período d´ausência ao som de egberto gismont e naná vasconcelos.
_aos "quedes" que calcei_
kichute preto com traves lembram-me
pelada valendo "cocão" na idéia
com a turma do bairro riacho velho
"carin-de-rolimã" do zezé "despinguelando"
rua rio paraopeba abaixo
quase mergulhando no asfalto da rio comprido
chulés arrancados com escova e sabão revel amarelo
homem de seis milhões de dólares
sr.antônio do armazém (meu 1º emprego – parte da manha)
na rua rio comprido esquina com rio paraopeba
sentado no caixa ela falava comigo:
"diovvani vai levar o saco de compra da dona maria na casa dela"

conga azul e branca recordam-me
aula de matemática
colégio helena guerra
meu amigo omar
(que eu achava ser inteligente por tomar óleo de bacalhau)
irmã carmelita
lenço "branquimaculado" na cabeça
chamava-me no quadro negro
e logo dizia diante de meus tropeços numéricos:
"vai sentá que ocê não sabe nada"
(omar dava show e vingava a turma)
zilda-doida-tarada
que esperava os meninos na trilha do mato
(uma vez quase me pegou)

tênis "all color" com três listinhas coloridas na lateral e azul-cruzeiro
colégio fernão dias
meu amigo edson e sua paixão marciana (deu a ela 1 dúzia de flores de plástico)
- até hoje não sabe porque deu com os burros n´água.
fila de banco
fliperama totó rua tupis
sorvete de casquinha da máquina da torre eifel
professor castor cartele guerra e os ossos de seu ofício
jaci da gráfica fumarc
passeio diversão parque
canoa tiro ao alvo
cinema do riacho com os amigos valdir e fabiano
"dio-come-ti-amo"
escrito com caneta bic na cortiça da raquete de ping-pong
da platônica-baixinha-morena-namorada que nunca beijei

para: fabiano, tita, valdir, joel, zezé, jorginho, gilmar, gilson, gilberto (popó), zé francisco, joão, carlinhos, cabelo de fogo, té e todos os irmãos. enfim, todos aqueles que freqüentaram minha infância e que hoje toma "umas" no bar do sr.alôncio no bairro riacho velho. quando for possível apareço.

infantil curiosidade: num dia de trabalho perdido na infância e com sol a pino eu, zé francisco, joão e jonas (meu irmão) carregamos uma borra de ferro enorme +- uns 30kg, rua rio paraopéba acima, até chegarmos no ferro velho onde vendiamos. chegamos lá, "tronchos" de cansados e suor escorrendo pelo corpo. colocamos a borra na balança e o dono do ferro velho, disse que deu sei lá, quantos kg´s (com certeza era menos que o peso que carregamos morro acima) e o zé francisco, meio grogue de cansado resmungou: "tá roubando!!!" o homem ouviu aquilo, impostou a voz cheia de "honestidade" e disse: "ôôô seus moleques, sumam com suas coisas daqui. sem almoço, tristes, cansados, murchamos as orelhas e não nos restou obedecer. pegamos a "borrona de ferro", nossos cacos de vidro, latas, outros trecos e deixamos encostados, no muro do próprio ferro velho. nunca mais voltamos lá. neste dia, não teve chup-chup de groselha, maria mole, nem partidas de totó.

_a afta que virou estreapagada_
tinha
uma
afta
perversa
maluca
acesa
no
céu
da
minha
boca

:- não sei como mas fiz-de-conta

que
era
uma
estrela
e-sem-dó-e-arRÉpendimento
com
a
ponta
da
língua
SALivada

thiiiimmmmm ...
:- ai
apaguei-a

_nos céus habitam diferentes coisas_
no céu da terra
moram pontos luminosos
quencantam

no da imaginação
dizem:- ovni’s com et´s
que nunca apertaram minha mão

no da minha boca
aftas doloridas que assassino
"cáponta" da língua

para a platéia que esteve presente no dia 10.04.06 no centro cultural de contagem no lançamento do projeto: leitura para todos (poesia no ônibus) em parceria com a ufmg. parabéns pela iniciativa prefeita marilia campos, raquel e toda a turma do centro cultural.

_boa noite amor_
beijou-me
foi para o outro quarto
apagou do meu a lâmpada

fechou a porta
mas deixou o rastro claro
do verde-de-seus-olhos

pincéis chapiscando
com faíscas de sua luz
o muro-tela dos sonhos ainda não sonhados

esclareceu em mim
o que ainda
era breu

"e pensar que eu a conheci pegando carona na av.joão césar de oliveira, numa madrugada não identificada, após o dia 12 de outubro (meu aniversário) de 1997. Etâ mundão !!!"
para vanusa dias neres mendonça.

_ou revela-me porque às vezes não entendo mas comovo-me com palavras_
palavras
poesias
são
oferendas
ao
mistério

_ninho das pedras IV_
aqui
o lençol freático
cobriu-se
de pedras
freando
minha sede

limpei meu suor no lençol
estendido no varal da tarde
engatei
primeira
na minha vontade

e não desisto
de beber
da água benta
que neste
mesmo lugar
ainda brotará

_a verticalização das coisas_
onde,
cadê
o horizonte?

- pregado na cruz,
no pau do nariz, na vertical,
fora do alcance dos olhos.

enquanto o belo,
faz cara de paisagem,
no espelho da testa.

_antídoto_
bom saber que o chacal
ainda sibila
já que wally foi pedir carona
ali na próxima esquina

césar cristalina louca
curou-se numa pá de cal
e a margem "emburracada"
não é + =

mas o chacal ainda bota fogo
em sílaba por sílaba
quebra as regras do troco

morde
o calcanhar da poética
sacode o chocalho sibila
para chacal, wally salomão e toda turma da poesia marginal.

_aos leitores de poesia_
poesia não é
== fria lógica
é # matemática
é entregar-se
ao êxtase
e 100 querer
entender
o truque da mágica

_linha 1139 – o amor pouco antes da primeira vista_
chuva serenada na manha
sem beijo solar ainda
ônibus lotado de gente
esperanças e sonhos
feminina sentou-se
orvalhada ao meu lado
senti dela o perfume
virgem ao meu olfato

eu tremia e suava frio como alpinista sequestrado
pelo misto de alegria-medo e minhas unhas congeladas
quebraram sulcando novos-velhos-riachos na face da montanha
eu caia mas almejava chegar ao cume da emoção "himaláica"
pois ouvia o eco de algo gritando dentro a certeza
que era aquele o ser há pouco sonhado
acariciado e amado na noite molhada
mãe daquela manha-neblina

mas o inocente anjo levantou-se abrindo
suas celestiais incandescentes asas
e na praça da liberdade misturou-se à névoa
entre palmeiras imperiais ave-encantada-cheia-de-graça voou rasteira
antes de sumir nas alvuras do longe sem deixar vestígios no espelho
de minhas ácidas-salgadas-lágrimas que picharam para sempre
nas molduras das brancas paredes das janelas em meus olhos
à esquerda: "adeus" à direta: "até nunca mais" – não sei onde pousar

ao meu lado ficou o vazio
formando par com seu cheiro
um fio elétrico de cabelo
dando choque de 1000 volts
no peito de minha saudade na u.t.i
que doente e tonta não tem pista
para encontrar o amor que sonhei
pouco antes da primeira vista
para todos que já provaram duma paixão súbita à bordo de um "busu".

segunda-feira, abril 03, 2006


RELEASE - LANÇAMENTO
SANTOS DUMONT,
BANDEIRANTE dos ARES e das ERAS
Autores: Paulo Urban e Homero Pimentel

SANTOS DUMONT, BANDEIRANTE dos ARES e das ERAS, editora Madras, 248 páginas, 31 fotos didaticamente selecionadas, é resultado de uma detalhada pesquisa histórica, trabalhada com elegância literária e sensibilidade por seus dois autores, pai e filho respectivamente. O mais velho, Homero, é historiador; o mais jovem, Paulo, é médico psiquiatra, ambos ganhadores do Prêmio Clio de História de 2004, com a obra Fractais da História, a humanidade no caleidoscópio, também editada pela Madras.
Muito mais que uma simples biografia, SANTOS DUMONT, BANDEIRANTE dos ARES e das ERAS é uma obra que se propõe a resgatar o verdadeiro sentido da alma nacional explorando aspectos fundamentais da vida daquele que foi, acima de tudo, um brasileiro cuja existência esteve dedicada à humanidade, em nome do bem comum. Isto porque Santos Dumont não foi somente o primeiro homem a solucionar o problema do "mais pesado que o ar", como revolucionou o mundo, alçando a consciência planetária a um inédito portal, passagem para as conquistas espaciais da Nova Era.
Nesse particular, a obra é lúcida e corajosa; num texto fluente, passa a limpo com todas os nomes e letras a verdade dos fatos ao enfocar a malfadada polêmica que atribui aos estadunidenses irmãos Wright a façanha de terem inventado o avião antes de Dumont. Mas os autores não buscam justiça só aí: sobrevoam ainda a eletrizante epopéia do balonismo, pioneiramente trilhada por brasileiros ilustres, cujos nomes, entretanto, também estão desconsiderados pela versão européia dos fatos.
Absolutamente inédito em relação a tudo o que até hoje já foi escrito a respeito de Dumont, a obra oferece ainda um Post Scriptum, uma peça literária especialmente dedicada ao intrincado tema do suicídio que, tecendo analogia entre o mito de Ícaro e a vida de Santos Dumont, aprofunda-se no denso mundo psicológico de nosso herói, aqui tratado com absoluto respeito e sob o rigor do olhar psicoclínico de Paulo Urban e Patrícia Lucchesi (que também redigiu o prefácio), ambos psicoterapeutas.
Os leitores que mantenham seus cintos bem apertados; em SANTOS DUMONT, BANDEIRANTE dos ARES e das ERAS, antes de tudo, é possível viajar sobre o pitoresco e o insólito, voar sobre o extravagante e o surpreendente que foi a vida de Dumont. Uma leitura presa às asas da fantástica aventura daquele cuja missão foi a de estreitar a distância entre os homens, ensinando a todos nós, pilotos ou passageiros na vida, que é possível crer até mesmo em nossos sonhos mais fantásticos!