poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.: novembro 2006

quinta-feira, novembro 30, 2006

Postagem, outra vez, ao som da chuva.
STREEPTEASE DAS CIGARRAS
(Para Júlia*)
Tenho visto no tronco
das árvores, cascas;
secas e sem vidas - de cigarras.
Um sopro e as garras,
soltam-se frágeis
e beijam o chão.
O mesmo chão
que um dia,
abrigará minha casca.
A mesma terra-útero,
que se alimentará
de minha carne.
Minha roupa gasta,
ficará dentro de Gaia.
Ela soltará, minhas umbilicais-amarras,
me pararirá. E espantado darei,
meu derradeiro salto-mortal
no oco, do que ainda é mistério.
...
Júlia, é minha sobrinha e tem 5 anos. Visitou-me na companhia dos pais no domingo passado. Está na idade natural das perguntas e curiosidades que nunca acabam. Fui levá-la para ver duas galinhas que estão chocando. Quando passávamos, debaixo do pé de manga – ela viu agarrada ao tronco; a casca de uma cigarra morta. Parou e perguntou-me em sua "inocência":
- É ela que canta tio? Eu já ví no livro da escola.
- É, Júlia, ela mesma.
- Por que ela não canta agora?
- É que... É que ela, Júlia, foi "canta" n´outro lugar.
Respondi, mas conhecendo sua curiosidade aguda, sabia que viriam mais perguntas.
- A cigarra voa tio?- Voa sim, Júlia.
- Então, faz ela voar...
A sapeca, me colocou em xeque. O mate? Sei que, eu o beberia, logo em seguida. Meio sem saída, soprei a casca, esperando que o vento a levasse ou quem sabe, se um "milagrezinho", não a faria ressuscitar, recobrando-lhe de imediato o prazer do vôo. Mas a casca "zigzagueou" e caiu no chão. Ela sorriu vitoriosa e fingindo surpresa, levou as duas mãozinhas à boca dizendo:
- Iiih tio, sua cigarra não voa!
- Ela já voou Júlia. É que ela... apenas esqueceu, a roupa dela pendurada, aí na árvore.
- Ô tio, então ela voou pelada, né!?
Me disse, cheia de si, gargalhando aos borbotões. Eu, ainda esperançoso e querendo sair do xeque-mate, dei minha última cartada. Eu tinha que, no mínimo empatar a brincadeira e tentei concordar com ela:
- Voou sim, Júlia. Voou, peladinha da silva!
Ela veio fervendo...
- Deixa de ser mentiroso, tio! Eu sei, que ela morreu, tá?
- Vem-cá Júlia, Júlia...Júlia...
E foi saindo, sem olhar para trás, não queria mais ouvir, minhas lorotas. Parece-me que Júlia, não é do tempo em que, estórias assim, faziam bois e crianças dormirem. Desde cedo, Júlia, está aprendendo a pensar por si mesma. Júlia, é o futuro, e; comerá dos frutos, do pé de jabuticaba que já brotou, da semente que plantei para ela. E nenhum, BOI-DA-CARA-PRETA; há de assombrar, os sonhos de Júlia.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Postagem ao som da música: balada nº 7 - Moacir Franco.


... e ainda balança na rede
seu último gol.
até
+
v
meu amigo-irmão-poeta.
(...)

pintura de nicoletta tomas
hands to fly.

terça-feira, novembro 14, 2006

Postagem ao som da chuva.
(Foto: Cristiano)
RARÍSSIMOS LEITORES
Doa a quem doer.
Poesia,
é um barato
que voa.

e a gente
não sabe,
onde;
, pausará.

Aqui tem só:

poesia barata,
por um barato.
Tudo é maia
e finda pó.

Atchim...
...

É isso! Aqui, o que vem de graça, voa, e, pousa de garça, no entendimento de qualquer olhar.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Postagem na companhia de Marla Queiroz, que não me deixa parar de rir, com seus e-mails. Dá sossego morena!
BRINCADEIRA SEM GRAÇA
Sugaram todo ki-suco de groselha
do meu chup-chup. Deixaram lá no chão
o saquinho, vazio de delícia vermelha.
Tô de saco-cheio, de sacanagem de irmão.
...
Dedico ao bom ladrão, daqui de casa mesmo; que como eu, devia estar com saudades dessas coisas da infância. É que outro dia, comprei dois, de um menino loirinho (bem parecido comigo quando criança) que estava vendendo na rua – aaAêê U chup-chup, aaAêê U.... Paguei a ele R$ 1,00 e deixei o troco. Ele insistiu: "pega mais dois... " e eu disse que podia ficar. Ele sorriu ingenuidade e seguiu a Rua Caparaó, contando moedas; olhando para trás, como que agradecendo minha oferta. Foi sumindo na rua de chinelos trocados: pé-dum, pé-d´outro (cada um duma cor). A gorjeta que deixei, foi como muitas, que um dia, como ele; também eu, de bom grado recebi. Eu costumava vender essa delícia-gelada na beira do campinho, onde eu jogava umas peladas – bem aqui perto, no bairro novo riacho; onde hoje, é a igreja católica. (...) Pois é... Cheguei na casa de minha mãe e guardei à guloseima na geladeira. Eu queria saboreá-la mais tarde e com folga, mas alguém mais folgado do que eu, fartou-se; do que mais tarde, faltou-me. Mas apesar d´eu estar meio menino-aguado, perdôo o irmão-larápio, do meu chup-chup.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Postagem ao som da música Estrelas - Oswaldo Montenegro. [OuçAquiÓ]
PARA UMA MOÇA ACENDEDORA DE ESTRELAS

Ela sabe coar
letras no branco,
coador da poesia.
No bule das palavras,
burla regras e
esquenta cores.

Pinga cá, a fé que
"redbulliza" minha cria.
Ela sempre voa
contra segundos.
Não arisca pousos
e como Garrincha sabe,
brincando driblar
em versos suas dores.

Ela fertiliza-amplifica,
compreensão de outros tons.
Ela sabe dedilhar silêncios e
extrair deles inéditos sons.
Detrás de um codinome,
ela ilumina-raia,
estrelada sobre nós.
.
Desata.

A moça estrelada? Mora aqui.