poeminhas p/matar o tempo e distrair dor de dente.: fevereiro 2007

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Postagem ao som da múcica Babylon - Zeca Baleiro. [OuçAquiÓ]
(Foto - Diovvani)
ESTERCANDO SEMENTES

Duma janela de barro
embriagado de poesia
leio versos
para poucos.
Se cambaleio nas virgulas,
Gangorro-me nos galhos delas
e lanço-me em linhas e ondas
surfando melodias impossíveis:
é como inventei seguir,
é meu jeito de fazer florescer
palavra, onde não havia.
Tenho gosto em puxar o pino
e atirar a granada-surpresa-poema,
que contém idéias-fervidas
nos cérebros dos loucos;
para vê-las explodirem,
inéditas, em ouvidos moucos;
ainda virgens das belezas,
embaladas em folhas.
É com esse vapor
que alimento-me.
É esse combustível que faz girar,
dias e noites as hélices
do meu velho motor
que não cansa de soluçar - amor.
A cada verso lido,
mesmo cambaleante,
sei, esterco sementes
que guardam a mágica
de serem árvores.
...
Para: Gabriela, Gilmar, Luciene, Romero e Vanusa. Eles, foram minha platéia no último domingo, enquanto eu lia poemas, dos meus amigos-poetas-internéticos. A turma diz que sou doido, (não doído) aí, fui ler poemas dos amigos, para mostrar que não sou o único, preso, na “rede” entre palavras. Comovidos, pediram-me para agradecê-los.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Postagem ao som da música Lindo lago do amor - Gonzaguinha. [OuçAquiÓ]
(Arte de Edward Hooper)
LEITURA POÉTICA DE ULTRA-SOM
Criança,
é
peixe.

Mãe,
aquário.
...
Para meu amigo-irmão Ronilson. Hoje, ele foi levar Simone para fazer o último ultrasom, antes do nascimento do Felipe – primeiro filho, desses dois eternos namorados. Felipe, deve sair do aquário no próximo dia 28 e fará companhia a outras crianças, que já nos rodeiam: Guilherme, Júlia, Lavínia, Gabriela, Laura; sem contar os que, já estão mais crescidos. Seja muito bem vindo, Felipe, nós estamos aqui, para ajudá-lo pelos caminhos da vida.
Falando em criança e aquário, o Poeta, Carlos Besen, ao qual agradeço, fez a gentileza de enviar-me o seu belo livro: Uma luz no aquário - vencedor do 4º Prêmio de Cultura Mário Quintana - modalidade Poesia para Adultos. Abaixo, destaco um dos poemas que mais gostei, no livro de Carlos Besen.

A IMPRÓPRIA LEI DO ALHEIO

Aqui,

entre
mim:

se eu for personagem
de um deus,
se eu for personagem
para um deus:

peço que eu não seja
recolhido à fonte:
peço que me renegue jóia
e me conserve imitação:

peço que eu seja joio
e não estrague o pão
que volta a assar
na boca do líquido:

peço que eu seja sede
que se resolve como fome:
peço que eu continue
impróprio como nudez::

peço que me venda
a um dos seus personagens:
se eu for escritor,
valerei menos do que um livro:

peço que eu seja vendido
ao sebo do diabo:
não tenho medo
de queimar palávora:

sendo papel, que eu sirva
para arder:
imploro não ter que durar
gota à gota:

sei que a eternidade,
água,
água,
é árdua.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Postagem ao som da música Voar Com Gaiola e Tudo – Leci Estrada.
(Arte de Sigmar Polke)
AMOSTRA GRÁTIS

Levantou cedinho (5:40hs), pé-ante-pé; para não acordar, quem ao lado parecia sonhar. Beijou-a de leve. Abriu e fechou a porta do quarto, sem tocar, o corpo do silêncio. Naquela hora nem os cachorros tinham acordado. Calçou os chinelos de “amassar barro”, e, na companhia de alguns livros, foi para o seu refúgio preferido: entre árvores e bichos, no fundo do quintal. Ele mesmo, queria fazer um café bem forte, no fogão de lenha e entregar-se, à leitura de alguns livros.
(...)
Pensou ouvir uma voz distante:
- Amor, vem almoçar – ta pronto...
Parecia um disco de vinil arranhado, que, sempre volta ao mesmo ponto:
- Amor, vem almoçar – ta pronto... Amor, vem almoçar – ta pronto...
A voz insistia, chamando mais forte, dos confins da realidade:
- MÔÔÔ, o almoço ta proooonto.... MÔÔÔ...
(Primeiro ela chama – AMOR.
Se não ouvir resposta, é que vem o - MÔÔÔ... Esticaaado.
É que o MÔÔÔ, bem esticado, faz eco para ouvir longe.
É que o MÔÔÔ, esticaaado, é uma pedra-sonora; no estilingue da voz, que, atinge em cheio, os ouvidos de quem passarinha, no céu de outro mundo.)
Enfim, ele saiu do transe, calibrou os sentidos e no susto, respondeu rimando no eco:
_ Já VÔÔÔ... Eu já VÔÔÔ...
Olhou o relógio de soslaio (13:55hs) e desceu, resmungando para si mesmo:
- Uai, uai, já!? A bóia ta pronta? Então, “vamo boiá”.
Foi caminhando, numa das mãos, o livro: “POEMA ANÔNIMO NA MANHÃ DE ONTEM” e seguiu, desfiando suas filosofias baratas em voz baixa:
- Eh, quando de fato nos entregamos aos livros, nem nos damos conta do tempo.
Isso deve ser um lampejo, uma amostra grátis, do que a gente chama de eternidade. Ou quem sabe, é o caminhar, mesmo, sem gravidade, no mundo da lua, de papel.

...

Aproveito para agradecer aos amigos que, enviaram-me os seguintes livros:
Claudia Camara – 19 Atos e Quinzes Dias, Sete Anos e Alguns Minutos.
Paulo Urban – Santos Dumont.
Euza Procópio Noronha – Corpo e Alma em Verso e Prosa. (*)
Octavio Roggiero – Poema Anônimo Na Manhã de Ontem.
Wilson Guanais – Súbito, Grande Encontro e IX Prêmio de Escriba de Poesias – Piracicaba 2006.
Edilson Pantoja – Albergue Noturno. (*)
Leandro Jardim – Poesia Presente em Gotas e Poesia Presente em Pétalas. (*)
Marcos Pardim – Que a Lua Habite o Papel.

(*) Livros que adquiri dos respectivos autores.
Os outros? Foram pura generosidade dos amigos - Amostra grátis.
E.T.: meu e-mail do yahoo, não está funcionando há quase um mês.
Atualizem por favor: diovvani@gmail.com

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Postagem ao som da nova música do meu amigo, Vandder Lima.
Clique aqui para conhecer.
(Arte de Marc Chagall )
POEMINHA PARIDO APÓS TRÊS CERVEJAS
O
vento
bordou
o ventre da brisa.
P
i
n
t
o
u
borboletas.
Daí, as cores apanharam levezas, de flutuarem
b
ê
b
a
d
a
s.
...
Escreveu um diaManoel de Barros:
“O que é bom para o lixo é bom para a poesia”.
“Todas as coisas cujos valores podem ser disputados
no cuspe a distância servem para poesia”.